DAS FAVELAS AOS “MORADORES DE RUA"

Autores

  • Martiniano J. Silva

Resumo

Até virar conjunto de habitações populares toscamente construídas, em locais inadequados, com sentido pejorativo, em cidades do Brasil afora, o conceito da palavra “Favela”, vem de uma “árvore” com esse nome, também chamada Fava e Faveleiro, característica da caatinga nordestina, sobretudo baiana, de forte proveito medicinal que, segundo Mestre Lua de Bobó (baiano), era utilizada para “fechar o corpo” e outras serventias da medicina popular, que não existem sem o lado místico ou teológico da vida. Em ciência, Jatropha pyllacantha, família das euforbiáceas, é rica em madeira, frutos comestíveis e “sementes” saborosas de fazer farinha de que me nutrir em minha infância rude nos sertões de minha imorredoura saudade, no Poço da Pedra, de Casa Nova, Bahia. O termo “Favela” vem também de um morro descrito pelo notável escritor Euclides da Cunha, no livro Os Sertões (1902), onde, de tão abundante, deu nome ao que se chamou “Morro da Favela”, no qual se instalaram os soldados durante a famosa Guerra de Canudos, homenageando antiga Fazenda margeando o Rio Vaza-Barris. Ao voltarem ao Rio de Janeiro, num momento que não recebiam soldo, os soldados pediram licença ao Ministério da Guerra para se estabelecer  com suas famílias no alto de um outro morro, agora chamado da “Providência”,  onde, com outros desabrigados, inclusive procedentes de Canudos, passaram a chamá-lo “Morro da Favela”, transferindo o nome do original de Canudos, como diz Houaiss, por lembrança ou por alguma semelhança que encontraram; notando-se que os sobreviventes de Canudos não se destinaram apenas ao morro acima citado.

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Publicado

19-12-2017

Como Citar

SILVA, Martiniano J. DAS FAVELAS AOS “MORADORES DE RUA". Revista Interação Interdisciplinar (ISSN: 2526-9550), [S. l.], v. 1, n. 2, p. 228–235, 2017. Disponível em: https://publicacoes.unifimes.edu.br:443/index.php/interacao/article/view/249. Acesso em: 28 abr. 2024.