A DENGUE COMO FATOR DESENCADEANTE DE MANIFESTAÇÕES PSIQUIÁTRICAS: UM RELATO DE CASO
DENGUE AS A TRIGGERING FACTOR FOR PSYCHIATRIC MANIFESTATIONS: A CASE REPORT
Palavras-chave:
Dengue, Doenças Psiquiátricas, Psicose, Transtorno BipolarKeywords:
Bipolar disorder, Dengue, Psychiatric Illnesses, PsychosisResumo
A dengue é uma doença infecciosa, aguda e febril, comum em zonas tropicais, cujo vírus pertence à família dos flavivírus e possui como vetor a fêmea do mosquito Aedes aegypti. Quatro sorotipos são conhecidos: 1, 2, 3 e 4, sendo que o 2 e o 3 são mais virulentos. Embora possua um caráter endêmico, o Brasil vive, atualmente, a maior epidemia de dengue da história, com muitos estados declarando situação de emergência em razão do crescente número de casos. Diante disso, ressalta-se que, além dos sintomas e complicações já conhecidas e amplamente documentadas na literatura, principalmente no que tangem aos sintomas fisiológicos, há cada vez mais relatos que indicam uma potencial relação da dengue com apresentações psiquiátricas, como por exemplo, depressão, ansiedade e transtorno bipolar de humor. Portanto, busca-se explorar a influência da dengue no desenvolvimento de sintomas psiquiátricos. Para tanto, foi realizado um estudo descritivo a partir de um relato de caso. O levantamento de dados se deu através da plataforma PubMed, a partir do seguinte descritor: “Dengue Fever and Psychosis”, devidamente indexados pelo MeSH. No relato apresentado, há indícios consistentes de que a dengue, na fase aguda, desencadeou um quadro de bipolaridade em um homem de 25 anos, na fase de mania, com os sintomas surgindo uma semana após a doença ser contraída. Alguns dos sintomas relatados incluem delírios de grandeza e irritabilidade, típicos do bipolar. Também, o paciente não apresentava nenhum antecedente psiquiátrico e também nenhum fator de predisposição relatado na literatura para o desenvolvimento da doença, como por exemplo, antecedentes familiares, utilização de drogas, dentre outros. Para mais, após a administração de medicamentos antipsicóticos e estabilizadores de humor, houve uma considerável melhora. Outrossim, além da exposição prévia ao vírus, após um diagnóstico minucioso, incluindo neuroimagem, análise do líquido cefalorraquidiano e exames laboratoriais, não foi constatada nenhuma causa orgânica para o aparecimento do transtorno. Diante desse cenário, conforme descrito no DSM-V, constata-se uma origem infecciosa para a apresentação neuropsiquiátrica. Portanto, a principal hipótese é que foi a dengue a responsável desencadear a fase maníaca no paciente. Além do mais, outros dois estudos mencionados no texto apontaram a relação da dengue, na fase aguda, com a ocorrências de distúrbios psiquiátricos, sendo a depressão e a ansiedade os mais prevalentes. Em suma, há um crescente número de casos documentados de manifestações psiquiátricas após a infecção por dengue. Apesar disso, como as pesquisas sobre o assunto ainda são escassas, o diagnóstico e o tratamento podem restar prejudicados. E, conforme já exposto, o país passa por uma epidemia de dengue, logo, é imprescindível que recursos sejam destinados para pesquisas, a fim de que a doença possa ser melhor explorada e os pacientes serem adequadamente tratados.
Abstract
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