LEVANTAMENTO DA IXODOFAUNA DO PARQUE NACIONAL DAS EMAS.

Autores

  • Isabella Candida Vargas
  • Nicolas Jalowitzki Centro Universitário de Mineiros - UNIFIMES
  • Raquel Loren dos Paludo

Palavras-chave:

Riquetsioses, Amblyomma sculptum, Carrapato, Cerrado

Resumo

O Parque Nacional das Emas (PNE), localizado no sudoeste do estado de Goiás, nos limites entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul é uma das maiores e mais importantes unidades de conservação do bioma Cerrado, com 132.000 hectares, abrigando uma importante e ameaçada diversidade faunística. Dentro desta diversidade, mais de 298 espécies de mamíferos, e diversas espécies de invertebrados, incluindo carrapatos, bem como de agentes infecciosos podem ser encontrados. O estado de Goiás, considerado indene para a Febre Maculosa (FM) até 2012, tem assinalado casos da doença em diferentes regiões sendo, até o momento, o principal estado da região Centro-Oeste para este agravo. O desconhecimento sobre os ciclos enzoóticos e epidêmicos, bem como diferenças clínicas observadas, fazem dessa região área de interesse epidemiológico. A Febre Maculosa é uma doença infecciosa caracterizada por febre, leves e típicas até graves, a qual, quando não tratada adequadamente, pode apresentar taxa de letalidade de 85%. Estudos associam o avanço da FM ao aumento de áreas degradadas, as quais aproximam a população humana com áreas florestais de bordas fragmentadas, possibilitando o contato humano com diversos ectoparasitas e, consequentemente, com riquétsias. Mediante ao exposto, a pesquisa pela circulação de riquétsias do grupo da FM através da análise de carrapatos do PNE faz-se necessário para compreender a ecoepidemiologia na região. As atividades foram executadas com aprovação do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) estando cadastrado no Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) sob nº de autorização 70143-1. As coletas de carrapatos do meio ambiente foram realizadas em dois períodos distintos: em fevereiro e outubro de 2020, por meio de arraste de flanela durante uma hora e quarenta em locais de circulação de animais e em trilhas usadas pelos turistas (trilha do homem seco). Os carrapatos coletados foram depositados em microtubos eppendorfs de 1,5mL, contendo álcool isopropílico. As ninfas e carrapatos adultos foram identificados, com auxilio de uma lupa estereoscópica. Devido à ausência de chaves de identificação taxonômica de larvas a nível de espécies, estas foram identificadas somente a nível de gênero. Dos mais de 1.100 carrapatos coletados, sendo que 727 eram adultos (326 fêmeas, 375 machos e 26 adultos sem identificação), 497 ninfas e 1 larva. Um total de 644 dos adultos e 396 das ninfas foram identificados como Amblyomma sculptum, 1 Amblyomma dubitatum e 1 larva de Amblyomma spp. Os demais 126 carrapatos de outras espécies serão avaliados por um parceiro da equipe, especialista em identificação de carrapatos. Espécies de carrapatos do gênero Amblyomma são frequentemente encontradas em diversos animais silvestres, dentre eles, a capivara, sendo considerada sentinela para riquetsioses, pois produzem anticorpos contra a bactérias do gênero Rickettsia spp. e podem ser usados para indicar a presença desses patógenos na região que vivem. Além disso, as capivaras também são consideradas amplificadores dessas bactérias por conviverem no ambiente em que o patógeno está presente, atraírem seus vetores e serem suscetíveis à infecção. Portanto com elevado número de vetores é notório a necessidade da continuidade de estudos e investigações epidemiológicas contínuas na região.

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Publicado

31-01-2022