MEMÓRIAS DA INFÂNCIA NA VELHICE: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
Resumo
No universo científico as práticas e discursos sobre a infância são fenômenos investigados que possibilitam compreender vivências que influenciam a formação do indivíduo e constituição do ser ao logo da vida. Discutir o que é e o que significa ser criança, bem como seus sentidos e concepções, pode ser desenvolvido a partir de perspectivas distintas: considerando o que diz e faz a própria criança; a partir do olhar e observação do adulto pesquisador sobre esse objeto/fenômeno; e, sobretudo, por meio de relatos, narrativas e memórias de idosos. A fim de identificar elementos presentes em uma infância marcada por histórias e fenômenos concretos, advindos de contextos temporais e espaciais diferentes, o trabalho objetiva perceber como as experiências da infância se fazem presentes nos discursos e ações de idosos que participam do projeto FAMI, voltado a pessoas com mais de 55 anos. Por meio de um projeto de extensão, em curso, desenvolvido com idosas participantes da “Faculdade Aberta à Melhor Idade” (FAMI), do Centro Universitário de Mineiros, foram realizadas rodas de conversa no âmbito do projeto. Portanto, este trabalho trata-se de um relato de experiência inspirado nos pressupostos do método qualitativo, oriundo das rodas de conversa desenvolvidas no projeto, no qual as participantes têm a oportunidade de expor suas experiências de vida. Nesse sentido, identificou-se como as histórias contadas por mulheres são de fundamental importância na formação do indivíduo e como essas memórias são fortes e se fazem presentes em suas vidas, não apenas em forma de simples lembranças, mas na maneira como elas se materializam em seus modos de ser. Dentre os vários aspectos relatados, foi possível identificar questões acerca do machismo, empoderamento, valores e princípios familiares, constituídos na infância, reflexos de uma formação patriarcal, que se mantém vivos e presentes em seus corpos, pensamentos, expressões e discursos, impressos na velhice de maneira a permitir que as histórias sejam apagadas ou ignoradas, tampouco esquecidas.