A beleza é mutável, ela se transforma a medida que o homem muda a sua forma de ver o mundo e varia de acordo com a percepção de cada indivíduo, logo ela reflete uma certa subjetividade, que é a “síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural” (BOCK, 2001), por isso há dificuldade ao tentar se conceituar beleza, já que ela não é um termo universal. Assim, este trabalho, por meio de uma revisão bibliográfica, tem por objetivo conceituar a experiência estética tendo como base o autor João Francisco Duarte Junior, analisando a construção social da beleza ao decorrer da história a fim de desmistificar o padrão imposto à ela, visto que por vezes ela se torna um ideal, uma meta a ser atingida, o que acaba provocando transtornos psicológicos e alimentares. Nesse contexto, pode-se dizer que ela deve ser analisada como um juízo de valor, pois manifesta quais sentimentos o objeto provoca no indivíduo. Afinal segundo Duarte Junior (1991), “entende-se beleza não por parâmetros, qualidades mensuráveis de um objeto, mas sim, pela nossa relação com ele”. Ademais, para compreender esse conceito, é preciso entender a relação entre o pensar e o sentir, ou seja, a linguagem sempre está ligada a um sentimento, mas ela não consegue descrever sensações, apenas conceituá-las (DUARTE JUNIOR, 1991). Dessa forma, a arte como linguagem busca despertar emoções no observador para produzir a experiência estética, a qual se dá pelo conflito entre a percepção gestáltica e a inconsciente, ou seja, entre a tentativa da mente de superfície em simplificar as formas e a captação dos aspectos subjetivos da obra (DUARTE JUNIOR, 1991), visto que segundo Bock (2001), em Gestalt, “o elemento observado deve ser apresentado em aspectos básicos, que permitam a sua decodificação, ou seja, a percepção da boa-forma”. Desse modo, “uma experiência consiste justamente no deslocamento que sofremos da forma tradicional de racionalidade que nos circunscreve, colocando-nos diante do inédito, da novidade da interpretação” (PEREIRA, 2012). Nesse contexto, torna-se fácil entender a repulsa inicial a vários movimentos artísticos ao decorrer da história pela dificuldade da mente em compor a boa-forma diante de aspectos até então desconhecidos.